domingo, 24 de maio de 2009

Coquetel perigoso: anfetaminas

FOnte: revista veja

Misturar anfetaminas e remédios
para hipertensão é a arriscada onda
dos jovens em raves e danceterias

Rodrigo Brancatelli

Mario Rodrigues
Pista de dança de casa noturna paulistana: medicamentos liberados


Quando médicos e policiais acham que já viram de tudo em se tratando de drogas na noite paulistana, eis que surge mais uma nova e perigosa moda entre os jovens baladeiros. Desta vez, ela atende pelo nome de "alquimia". Trata-se de uma misturada de substâncias de tarja preta e princípios ativos diferentes – de anfetaminas a remédios para hipertensão – que supostamente levam os usuários a um "prazer sem fim". O que torna o coquetel assustador é que todos os ingredientes podem ser comprados em farmácias. "Chegou-se a um ponto em que não temos muita coisa a fazer", diz o delegado Luiz Carlos Magno, há dezesseis anos no Departamento de Investigações sobre Narcóticos da Polícia Civil. "Se nenhuma substância é proibida, ninguém pode ser preso em flagrante."

A tal alquimia funciona da seguinte maneira: sem dificuldade para entrar em danceterias e raves com frascos de remédios, o usuário toma dois ou três comprimidos de anfetamina. Vendida como moderador de apetite a 30 reais a caixa com vinte comprimidos, a droga age no sistema nervoso central, potencializando a ação das substâncias cerebrais noradrenalina e dopamina – o que melhora a concentração. Depois do "pico de prazer", quando as bolinhas sabotadoras da fome causam enorme euforia, aparecem efeitos colaterais como ansiedade, taquicardia, aumento da pressão arterial e depressão. O jovem ingere então um antiácido para proteger o estômago e, em seguida, um antidepressivo ou um betabloqueador. Este último, indicado para hipertensão e distúrbios cardíacos, faz desaparecer todos os efeitos desagradáveis da anfetamina. O usuário está pronto para mais uma perigosa rodada. Segundo o psicólogo Sabino Ferreira de Farias Neto, especialista em tratamento de dependentes de drogas, os betabloqueadores podem causar insuficiência e parada cardíacas. "É brincar com a morte", diz.




Nenhum comentário:

Postar um comentário